Protestos Intensificam-se contra Liderança de Ossufo Momade em Inhambane

A tensão interna na Renamo atingiu novos contornos, com a recente manifestação de antigos guerrilheiros no distrito de Vilankulo, província de Inhambane. Em um acto de protesto, os veteranos encerraram a sede distrital do partido e queimaram cartazes com a imagem de Ossufo Momade, expressando sua insatisfação com a actual liderança.
Alberto Julai, um dos antigos guerrilheiros envolvidos na manifestação, expressou sua frustração com a direção actual do partido. Ele mencionou que, após anos de dedicação e sacrifício pela causa da Renamo, sente que os ideais pelos quais lutaram estão sendo negligenciados. Julai enfatizou que a liderança de Ossufo Momade não tem representado adequadamente os interesses dos membros de base e dos combatentes que estiveram na linha de frente durante os anos de conflito.
André Afonso, outro veterano presente no protesto, compartilhou sentimentos semelhantes. Ele destacou que a decisão de encerrar a sede e queimar os cartazes foi tomada após várias tentativas infrutíferas de diálogo com a liderança do partido. Afonso ressaltou que, se não houver mudanças significativas na direção da Renamo, ações de protesto como essa poderão se repetir em outras regiões do país.
João Tangune, Delegado Político Distrital da Renamo em Vilankulo, minimizou a gravidade das ações dos antigos guerrilheiros. Ele afirmou que, embora reconheça o direito dos membros de expressarem suas preocupações, existem canais internos apropriados para tal. Tangune enfatizou que comportamentos como o encerramento de sedes e a destruição de material do partido vão contra os princípios democráticos que a Renamo sempre defendeu.
Este incidente em Vilankulo não é isolado. Em dezembro de 2024, um grupo de ex-guerrilheiros encerrou a sede nacional da Renamo em Maputo, exigindo a destituição de Ossufo Momade e a convocação de um Conselho Nacional para eleger uma nova liderança. Armindo Dimande, representante desse grupo, explicou que a decisão de encerrar a sede foi tomada após várias tentativas de diálogo com a direção do partido sem sucesso. Dimande enfatizou que a ação visava pressionar a liderança a ouvir as preocupações dos membros de base.
Além disso, em fevereiro de 2025, na cidade de Chimoio, província de Manica, antigos guerrilheiros amotinaram-se em frente à delegação política provincial da Renamo. Eles encerraram as portas do edifício e queimaram panfletos com imagens de Ossufo Momade, exigindo sua demissão imediata. Fernando Mafenhure, um dos líderes do protesto, acusou Momade de má liderança e de não representar adequadamente os interesses dos combatentes desmobilizados.
A insatisfação crescente dentro da Renamo está intimamente ligada aos resultados das eleições gerais de outubro de 2024. Sob a liderança de Ossufo Momade, o partido obteve o pior desempenho desde a fundação da Renamo. Esse resultado levou muitos membros a questionarem a eficácia e a direção da atual liderança.
João Machava, porta-voz de um grupo de ex-guerrilheiros, declarou que a liderança de Momade violou os estatutos do partido e não refletiu adequadamente os princípios pelos quais muitos membros lutaram. Machava e seu grupo exigiram a realização de um Conselho Nacional para eleger uma nova direção que represente verdadeiramente os interesses dos membros.
A sequência de protestos e manifestações por parte de antigos guerrilheiros e membros de base da Renamo destaca uma crise interna significativa dentro do partido. A insatisfação com a liderança de Ossufo Momade é evidente e tem levado a ações drásticas em várias regiões do país. A capacidade da Renamo de resolver essas tensões internas e de responder às preocupações de seus membros será crucial para determinar seu futuro no cenário político moçambicano.