Moçambique ainda não alcançou seus objectivos em 50 anos de independência

Moçambique ainda não vive o sonho idealizado há 50 anos, com o alcance da independência. A ideia é defendida pelos economistas João Mosca e Thomas Selemane, no livro intitulado “Do País Sonhado ao País Vivido”, lançado nesta quarta-feira.
Conflitos internos, má gestão e crise económica são alguns dos factores que, na visão de João Mosca, fizeram com que o país não alcançasse os seus objectivos de desenvolvimento, 50 anos depois da Independência Nacional.
“Houve relações externas muito complicadas. A política interna foi quase sempre muito desajustada das nossas realidades. A maioria do povo não foi incluído nas políticas nacionais de desenvolvimento e, portanto, posso dizer que aquilo que se pretendia alcançar, o seu sonho colectivo, não foi concretizado no fundamental”, disse.
Para Thomas Selemane, autor do livro, a unidade nacional está cada vez mais ameaçada, devido a vários conflitos internos.
“Os últimos episódios dos últimos sete, oito anos, sobretudo dos últimos meses das manifestações, mostraram que temos cada vez mais moçambicanos que não têm nada a perder.”
Para Selemane, o não ter nada a perder numa nação “é um factor de risco. Quer dizer que há muita gente que não vê nenhuma diferença entre ser moçambicano e não ser. Essa gente não tem nada a perder”.
Socorrendo-se da estatística, Thomas Selemane disse que existem cerca de 20 milhões de moçambicanos fora do sistema econômico oficial, sem emprego, sem protecção social, sem nenhum sonho, sem nenhum horizonte. “Isso é muito perigoso para a continuidade do projecto de Moçambique como país”.
Apesar dos vários desafios ainda persistentes, os economistas João Mosca e Thomas Selemane reconhecem que o país registou avanços.
“Com todas as dificuldades que houve, conseguiu-se formar muita gente, muitas moçambicanas e muitos moçambicanos em várias áreas de conhecimento. Esse é um ganho muito importante para o país”, disse Thomas Selemane, autor do livro.
No livro “Do País Sonhado ao País Vivido: Moçambique 1975–2025”, lançado nesta quarta-feira, os autores destacam os factores que moldaram a independência e as transformações económicas e sociais.
O livro tem cerca de 80 páginas e pode ser obtido através de plataformas digitais.