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Cerca de 500 famílias exigem corrente eléctrica na Maluana, distrito da Manhiça

Cerca de 500 famílias do posto administrativo de Maluana, distrito da Manhiça, província de Maputo, exigem corrente eléctrica à uma empresa que opera naquela zona. Os moradores dizem que a energia foi-lhes prometida por uma fábrica em 2024. Sucede que, a infraestrutura foi vendida a um proprietário sem incluir a componente de responsabilidade social.

A cerca de cinco quilômetros da Estrada Nacional Número Um, no posto administrativo da Maluana, distrito da Manhiça, província de Maputo, há uma comunidade que nunca conheceu uma outra luz senão do sol de dia e da lua de noite…

Em 2014, é instalada, na comunidade, a ECOBOM, uma fábrica para captação, engarrafamento e comercialização de água mineral, que promete aos moradores corrente eléctrica. 

“O projecto facilitará o acesso à electricidade para as famílias com o poder de compra, na medida em que a empresa de electricidade irá estender o acesso a este bem às pessoas locais a partir das ligações que forem feitas para servir o projecto”, le-se no compromisso assumido pela ECOBOM em 2024. 

Só que 11 depois da promessa, as famílias arredores do projecto ainda não têm corrente eléctrica. 

“Nós perguntamos o que nos dariam com a instalação da fábrica. Disseram que tinham visto que somos pobres e nos ajudariam com energia, água, mas até hoje, não vemos corrente eléctrica. Queremos energia aqui em Chirinza e dliwana. Os nossos filhos não sabem o que energia e muito menos nós as mães”, reclamou Rolecha Baloi, residente de Maluana, distrito da Manhiça. 

Sucede que a empresa que prometeu energia a cerca de 500 famílias do posto administrativo de Maluana já foi vendida à uma outra entidade em hasta pública, tal como atesta este documento do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo de 2022. 

O novo dono da unidade fabril em causa é a Refrigerantes Spar, que pagou 40 milhões de Meticais, e no acordo de tramitação não assume a responsabilidade social da ECOBOM. 

“Os compromissos sociais assumidos (…) com as comunidades locais ou administração local e não cumpridos são da exclusiva responsabilidade do antigo proprietário do imóvel, com excepção do compromisso de se dar preferência à contratação da mão-de-obra local sempre que houver necessidade do novo dono”.  

Este posicionamento é secundado pelo administrador executivo da Refrigerantes Spar, Sulemane Padamo.

“Quando adquirimos, consultamos e a comunidade veio falar connosco e informou-nos que existia uma responsabilidade social. Fomos falar com os senhores da ECOBOM, mas ficou por escrito que a responsabilidade é com aquela empresa e não existe responsabilidade nenhuma com os actuais proprietários, que acabam de adquirir as instalações”, sublinha Sulemane Padamo, administrador executivo da Refrigerantes Spar. 

Entretanto, a comunidade diz desconhecer os contornos da venda desta instalação à outra entidade e tem se deslocado ao mesmo endereço físico de onde foram prom

“Nós estamos aqui a manifestar defronte à empresa porque este sítio foi-lhe atribuído com a promessa de dar-nos energia. Esta parcela é muito grande. Só levaram-nos a terra e fizeram as suas coisas. Eles prometeram dar energia e nós ainda não vimos nada”, referiu António Chirindza, morador da Maluana, distrito da Manhiça.   

Para poderem ter corrente eléctrica, os moradores desta comunidade de Maluana já começaram a reunir-se com os proprietários deste empreendimento e o Governo local.

“Portanto, passou muito tempo e nós ficamos preocupados. Então, fomos ter com a empresa para perceber o que se passava. Foi quando reunimos com a EDM, que se responsabilizou em colocar a corrente eléctrica, mas não avançaram com datas e isso preocupa a população. A comunidade quer algum sinal dentro de 45 dias”, deu ultimato, Flávio Nhambi, também, residente de Maluane. 

E a empresa já começou a fazer alguma coisa. Comprou postes e posto de transformação de energia, material que foi canalizado à Electricidade de Moçambique de Infulene, tal como atesta este documento. 

A EDM confirmou a recepção do material e fez outra exigência para electrificar a zona. 

“O custo para a execução do trabalho está avaliado em seis milhões, novecentos e catorze mil e noventa e oito Meticais e seis centavos. O referido valor deverá ser pago na Agência desta Área de Serviço ao Cliente de Infulene…”, lê-se no documento. 

“Foi entendido com a EDM, que é da responsabilidade dela e vai executar esse trabalho. Em termos de prazos, nada está definido. Não da nossa responsabilidade. A EDM é quem deve dizer em que prazos e em quanto tempo vai fazer esse trabalho. Ficou esclarecido pela EDM que aquele documento feito por si, que o valor de aproximadamente seis milhões e novecentos mil Meticais  é de uma informação do montante necessário para poder terminar o trabalho após a oferta feita pela Refrigerantes Spar”, esclareceu Sulemane Padamo. 

A Refrigerantes Spar, empresa que comprou esta unidade fabril, diz que está a desenhar um plano de responsabilidade social, através do qual poderá assumir alguns compromissos com a comunidade onde opera.

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