Mais de 400 alunos vão deixar de sentar no chão graças ao Moz Norte

Pouco mais de 400 alunos no distrito de Mossuril, em Nampula, enfrentam enormes desafios de condições para terem aulas de forma decente. Todos estudam ao relento por falta de salas de aulas. O projecto Moz Norte está a financiar a construção de infra-estruturas públicas em 8 distritos de Nampula que pode ajudar esses alunos a deixarem de estudar sentados no chão
É um cenário que pode não ser novo no país, mas é notícia o facto de ser uma escola inteira onde os alunos estudam sentados no chão, muitos deles ao relento. Uma situação que acontece no posto administrativo de Matibane, distrito de Mossuril, na província de Nampula, onde pouco mais de 400 alunos estudam sentados no chão.
O director da referida escola, Paulino Afonso, diz que a situação critica, uma vez que não tem apoio para a construção de salas de aulas ou mesmo para reabilitar o que já existe.
“Isto que estamos a fazer é o que nós temos, são as condições que nós temos. Doutro lado é o que nós conseguimos, então aquilo que não conseguimos não estamos em condições de fazer”, disse Paulino Afonso.
Em termos numéricos, Paulino Afonso diz que é um efectivo de 435 estudantes que sentam no chão, “porque é um número que dividimos em duas partes, uma vez que 50% estuda de manhã e outra parte de tarde, até porque estamos a trabalhar em dois turnos”.
Mas a questão das salas de aulas não é o único problema que a escola enfrenta. O director da escola fala de outro problema. “Nos ressentimos não só da falta salas de aulas, mas também do efectivo de professores”, reclama.
A escola tinha salas precárias que foram destruídas por dois ciclones que atingiram o distrito de Mossuril nos últimos anos. Neste momento a escola está a beneficiar de um apoio para construção de salas de aula no âmbito do projecto Moz Norte, financiado pelo Banco Mundial, que actua em 8 distritos de Nampula.
Felicidade Miocha, delegada do Fundo nacional do Desenvolvimento Sustentável, ao nível da província de Nampula, assegura que o projecto está a actuar na construção de infraestruturas de várias áreas.
“Na província de Nampula estão em curso agora cerca de 14 infraestruturas, entre centros de saúde, escolas e sistemas de abastecimento de água, basicamente”, assegura.
Em termos de orçamentos, Felicidade Miocha diz que “estamos a falar de cerca de 400 mil dólares em cada distrito”, que são desembolsados para a construção das referidas infraestruturas.
O posto administrativo de Lunga, ainda no distrito de Mossuril, terá um novo centro de saúde no âmbito do mesmo projecto. A zona procura reerguer-se depois da morte de 98 pessoas num naufrágio em Abril do ano passado.
O Administrador do distrito, Alfredo Machaieie diz que há desafios e dificuldades enfrentadas. “Tínhamos um empreiteiro a trabalhar na estrada de Naguema para cá e, infelizmente, por causa das chuvas, interrompeu os trabalhos. Igualmente estava sendo feito um trabalho de levantamento, um estudo para erguer uma ponte sobre o Monapo. Esse programa não parou, vai dar continuidade assim que as chuvas abrandarem. Inclusive o empreiteiro tem o equipamento no local e vai dar continuidade logo que pararem as chuvas”, assegura Alfredo Machaieie.
O Projecto de Resiliência Rural no Norte de Moçambique (MozNorte) foi planificado para 5 cinco anos (2021 – 2026) de implementação, que visa abordar os principais impulsionadores de fragilidade e conflitos, a fim de melhorar a resiliência das comunidades vulneráveis em paisagens seleccionadas do Norte de Moçambique.
É um projecto que tem como principal objectivo contribuir para a resiliência das comunidades através de acções como a promoção da inclusão de comunidades vulneráveis e dependentes de recursos naturais na tomada de decisões sobre a reabilitação de meios de subsistência; a promoção do acesso aos recursos naturais, infraestrutura básica e serviços; e a promoção de soluções sustentáveis de oportunidades de subsistência.
O Moz Norte é um projecto com duração de cinco anos de implementação, ou seja 2021 a 2026, orçado em 150 Milhões de dólares norte-americanos. Assim, o projecto termina em Julho do próximo ano.