Graça Machel defende envolvimento da academia na transição energética

A activista social e patrona da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Graça Machel, defende a utilização de alternativas aos combustíveis fósseis, para reduzir os impactos das mudanças climáticas, como é o caso dos ciclones. A activista social diz que a transição energética é um processo urgente.
É o segundo e último dia da Cimeira da Rede de Mulheres em Energia Limpa e Acção Climática, e Graça Machel voltou ao pódio para falar de energias renováveis.
A activista social começou por lembrar que a utilização exagerada de combustíveis fósseis como petróleo e carvão tem impactos negativos nas mudanças climáticas.
“O mundo é altamente dependente do consumo dos combustíveis fósseis, quer dizer, petróleo, gás, e temos, também, uma grande dependência do carvão. Isso resulta na emissão das largas quantidades de gases de efeito de estufa e afecta, em Moçambique, por exemplo, nos ciclones que são destrutivos em grande escala. O uso dos combustíveis fósseis faz com que a natureza entre em fúria contra nós”.
A também patrona da Trust orientou, ontem, uma aula aberta pública, na Universidade Eduardo Mondlane, onde desafiou os estudantes a pensarem em alternativas para a produção de energia, que sejam sustentáveis ao meio ambiente.
“Esta utilização dos combustíveis fósseis tem sido feita de uma forma agressiva, com a preocupação de lucro, acima de tudo, sem qualquer consideração com os impactos e muito menos com a protecção do planeta e a sustentabilidade da vida. Queremos propor regularmente a discussão sobre a questão da transição energética. Temos que encontrar formas de intervir cientificamente e com firmeza da vossa parte, porque não será muito amigável.”
A transição energética é, na sua visão, um processo urgente e que deve, também, ser liderado pela comunidade académica.
“Tem que haver aqueles que estão na universidade a pensar melhor, para reverter o que sofremos de maneira drástica todos os anos. Em 2026, voltarei para saber quais são os vossos planos para fazer a transição energética”.
A aula aberta contou com a participação do Professor Rogério Uthiu, que falou das tendências tecnológicas na indústria da energia limpa.
“Haverá estratégias de mercado muito interessantes, porque há zonas onde haverá uma super produção de energia e noutras não. A capacidade de produção de energia eólica vai subir”, explicou o académico.
O evento juntou mais de 300 participantes, entre académicos, investigadores e outros profissionais.