Mundo

Regadios de Mopeia terão sistema de irrigação movidos a energia eléctrica e solar

Governo moçambicano e Banco Mundial, investem 2.7 milhões de dólares no sistema de irrigação movidos a energia da rede nacional e a base de painéis solares em três dos quatro regadios no distrito de Mopeia, província central da Zambézia. Camponeses estão animados com a produção daquela cultura, mas se mostram preocupados com a falta de mercado. 

 Pouco mais de 400 produtores estão a produzir arroz nos quatro regadios localizados na vila sede distrital de Mopeia, numa área estimada em 365 hectares. Com o sistema de irrigação dos campos movidos a energia da rede nacional e a base de painéis solares, instalados no âmbito do projecto de agricultura irrigada de pequena escala e acesso ao mercado, financiado pelo Banco Mundial e comparticipado pelo Governo moçambicano, os níveis de produção tendem a registar aumento. Mulheres Camponesas do regadio de Chiverano estão animadas com as infraestruturas, mas não com o mercado. 

 Catija Cebola, uma mulher camponesa que produz naquele regadio, tem quatro hectares e dedica-se à produção das variedades Simão, macassane e Chupa. Diz que com a introdução do sistema de irrigação, a produção aumentou e agora o desafio é outro, mercado para vender o arroz.

“Antes produzíamos em sequeiro e os níveis de produção por hectare variavam entre dois a 2,5 toneladas. Hoje, com a irrigação, os níveis aumentaram para até quatro toneladas. Estamos a produzir muito arroz, mas infelizmente não temos mercado para colocar o nosso excedente” disse catija, adiantando que o pouco que consegue vender, é com pessoas que procuram pequenas quantidades. 

Florência Soares, outra camponesa filiada a uma das associações de arroz, está a produzir num total de dois hectares. Contou que no regime de sequeiro tirava em média 2,5 toneladas por hectare e com o sistema de rega instalado, está a tirar igualmente 4 toneladas. A questão de mercado é a dor de cabeça dos camponeses. 

“O que nos preocupa é que as poucas pessoas que procuram o nosso arroz, é que decidem os preços. Nós trabalhamos duro para produzir o arroz, mas quando chega a vez dos preços, o comprador é que dita” disse Florencia solicitando intervenção de quem deve apoiar os camponeses, para que tenham ganhos da sua produção.     

 Neste momento, o distrito de Mopeia conta com quatro regadios, dos quais três infra estruturados e um em regime de sequeiro. O director distrital das actividades económicas de Mopeia diz que a quantidade de arroz na primeira época superou as expectativas. Segundo explicou, “inicialmente, esperava-se colher 30 mil toneladas, mas os números poderão chegar aos 40 mil. No entanto, a nossa agenda é trabalhar em prol de salvaguarda do interesse dos camponeses”.

Para Gilton José, o desafio é tornar funcional a cadeia de produção, consórcio público-privado para facilitar o acesso ao mercado. “Do consórcio que estamos a citar envolve instituições como Instituto Nacional de Irrigação (INIR), Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM) e Associação Adventista para o Desenvolvimento, Recursos e Assistência (ADRA) onde temos um memorando que dentro de dias será assinado e que visa facilitar a ligação de mercado. Temos certeza que a preocupação levantada pelos produtores da falta de mercado, tem dias contados pois acreditamos que estão criadas as balizas para absorção do produto” disse Gilton José.

 Já o Director do Instituto Nacional de Irrigação, Delfim Vilissa, diz que o Governo e parceiros estão a fazer sérios investimentos no sector do arroz. O desafio agora passa pela colocação de painéis solares para o funcionamento das eletrobombas para reduzir os custos operacionais. 

“Como podem imaginar a energia é cara, e maior parte dos produtores não têm a capacidade de compra, assim sendo urge a necessidade de buscar alternativas sustentáveis de ponto de vista económico e ecológico. Neste contexto, introduzimos painéis solares de forma piloto que estão a contribuir para a irrigação de 100 hectares no regadio de Chiverano, e esta tecnologia nos permite poupar a energia eléctrica em cerca de 90%” disse o responsável. 

 Ao nível do país, o sistema de irrigação nos regadios continua desafiante, de acordo com o Director nacional, não obstante esforços neste sentido. Dos 180 mil hectares que já estão infraestruturados a escala nacional, Zambézia conta com 1000.

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo