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Mais de 600 mil pessoas enfrentam crise alimentar  em Sofala 


Mais de 600 mil pessoas, residentes em alguns distritos da província de Sofala, estão a enfrentar crise alimentar,  como resultado da fraca produção agrícola, na sequência da queda irregular da chuva, resultante do fenómeno El Niño.   Os afectados estão a ter  uma refeição diária composta basicamente por farelo e frutos silvestres e a insegurança alimentar pode prolongar-se, pois estão a consumir as sementes resilientes de milho e feijão, distribuídas esta semana.

A situação tende a piorar e as referidas famílias têm agora uma refeição por dia, composta basicamente por farelo acompanhado por verduras e  frutos obtidos nos rios. O régulo Sacatucua, líder comunitário no distrito de Caia, diz que é um fenómeno nunca visto nos últimos 30 anos.

“Estamos sem alimentação adequada há mais de dois anos, aqui em Caia. Muita fome, já tivemos dois anos sem chuva, por isso que a fome cresceu”, disse o régulo.

Para aliviar a fome, a população afectada pela crise recorre as frutas da época, como melancias e cana-doce.   A senhora Paula Albino disse que este fruto silvestre, denominado Nhica,  nome local, tem sido a principal fonte de alimentação.

“A nossa alimentação básica agora é feita de farelo de milho. Um recipiente de cinco litros custa 30 meticais e  misturamos com um fruto chamado Nhica”, partilhou a senhora.

O líder comunitário explicou que Nhica é uma fruta aquática, que para a sua obtenção, exige que a pessoa mergulhe e apalpe até encontrar a fruta. “O Nhica é tirado muito longe, não é perto. Daqui até onde se encontra Nhica leva três a quatro dias. Entretanto, o Nhica tem uma época específica e já passou (…) o farelo é retirado das moagens, já não damos aos que dão animais, agora o farelo serve para as pessoas”.

A população recorreu as margens do rio Zambeze, para produzir alimentos, alguns deles já poderão ser consumidos ainda este mês. Contudo, a subida do nível das águas do rio Zambeze pode inundar a produção que, prestes a ser colhida, deixa a população mais apreensiva.

O INGD e parceiros têm estado a apoiar as famílias camponesas em alimentos, como forma de mitigar a fome em Sofala.

As famílias camponesas em Caia, além de serem apoiadas em alimentos, têm estado a beneficiar de sementes resilientes. No entanto, o  administrador do distrito teme que a situação de insegurança alimentar se estenda por mais tempo este ano, visto que devido a escassez de alimentos,  parte da   população está a vender ou consumir as sementes resilientes a seca, de milho e feijão, distribuídas recentemente, depois da queda de chuva.

No âmbito de acções antecipadas a seca, o INGD e parceiros estão a aproveitar as águas do rio Zambeze, através da instalação de um campo para a produção de hortícolas. Cerca de 400 famílias estão a beneficiar da iniciativa.

Ainda no âmbito de  acções  antecipadas a seca, o INGD está a treinar as famílias camponesas para técnicas melhoradas no cultivo de produtos alimentares. Mas para uma resposta imediata à crise alimentar em Sofala, estão a ser assistidas, neste momento, cerca de 200 mil pessoas das 624 mil necessitadas.

Tem estado a chover em Caia e este facto pode contribuir para o surgimento de doenças diarreicas, devido ao consumo de água imprópria e, por conta disso, o INGD  está a  distribuir  certeza para purificação da água. 



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