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Autoridades prometem mão dura ao transporte ilegal em Inhambane 

O crescimento urbano, na cidade de Inhambane, está a trazer à tona um problema antigo, mas que ganha contornos alarmantes: o aumento do transporte de passageiros ilegal. Viaturas não licenciadas, algumas com condições precárias, circulam pelas ruas, colocando em risco a segurança dos passageiros e desafiando a autoridade.

As autoridades locais estão cientes do problema e prometem endurecer as medidas contra os infractores. O vereador dos Transportes no Município de Inhambane, Novais Abubacar, reconhece o desafio que este fenómeno representa, mas sublinha que não haverá espaço para tolerância. “Vamos continuar com mão dura. Em alguns casos, teremos de apreender viaturas até que estejam em condições de operar de forma legal”, afirmou, numa entrevista marcada pelo tom directo e pela preocupação com o bem-estar da população.

Segundo Abubacar, a suspensão temporária das fiscalizações no contexto de manifestações recentes foi suficiente para revelar a dimensão do problema. “Durante esse período, verificámos um aumento drástico no número de operadores ilegais. Num espaço de apenas três horas de fiscalização, inspeccionámos 57 viaturas, das quais 9 estavam ilegais e 6 tinham licenças caducadas”, revelou o vereador.

Essa pausa nas fiscalizações também levou à paralisação dos transportadores ilegais assim que perceberam a presença das autoridades. “Constatámos que muitos operadores ilegais simplesmente pararam de transportar passageiros ao notar a nossa presença. Isso mostra o quanto o problema está enraizado. Há muitas viaturas a operar fora da lei, incluindo carrinhas fechadas e caixas abertas, conhecidas como Mupapas, que aproveitam as horas de ponta para recolher passageiros. Esses operadores acabam por roubar clientes aos transportadores licenciados”, explicou.

Abubacar reconheceu que o uso de viaturas de carga para transporte de passageiros não é novo, mas atribui a sua recente proliferação às dificuldades enfrentadas nas zonas de expansão da cidade. “Temos áreas de habitação que chamamos zonas de expansão, onde as condições das estradas ainda não permitem a circulação de viaturas convencionais. Nessas zonas, o transporte por “My Loves” acaba por ser a única solução para ajudar a população a deslocar-se. No entanto, isto não pode justificar o transporte ilegal em outras rotas”, frisou.

Para o vereador, embora estas práticas sejam um “mal necessário” em algumas áreas, a prioridade é garantir que todas as operações sejam realizadas dentro da lei. “Primeiro, os operadores devem legalizar-se. Em segundo lugar, precisamos de criar condições para melhorar o conforto e a segurança dos passageiros. Não podemos comprometer a dignidade e a segurança das pessoas que dependem deste serviço”, declarou.

As autoridades municipais de Inhambane asseguram que a fiscalização será intensificada, com penalizações severas para os infractores. “Vamos continuar a actuar de forma incisiva. Os operadores ilegais serão penalizados, e as viaturas que não cumprirem as normas poderão ser apreendidas até que se regularizem. Não estamos apenas a falar de legalidade, mas também de condições. Não podemos permitir que as pessoas sejam transportadas em viaturas que não oferecem o mínimo de segurança e conforto”, garantiu Abubacar.

A resposta das autoridades vem num momento em que a população exige soluções mais eficazes para o transporte urbano. Apesar do crescimento da cidade, as infra-estruturas ainda não acompanham o ritmo da expansão, criando lacunas que os operadores ilegais têm aproveitado.

A aposta no reforço da fiscalização é apenas parte da solução. Abubacar salientou a necessidade de investir em infra-estruturas de transporte para acompanhar o crescimento urbano. “Precisamos de melhorar as condições das estradas nas zonas de expansão e criar rotas que permitam a circulação de viaturas licenciadas. Além disso, é essencial que os transportadores sigam as regras e garantam condições dignas para os passageiros”, disse.

Por outro lado, o vereador sublinhou a importância de sensibilizar a população sobre os riscos de utilizar transportes ilegais. “O cidadão também precisa de entender que, ao optar por um transporte não licenciado, está a colocar a sua segurança em risco e a contribuir para o desrespeito à lei. É um esforço colectivo que precisa de ser feito”, apelou.

O transporte ilegal é um fenómeno que reflecte tanto as lacunas estruturais como a necessidade de soluções imediatas para as populações em expansão. Contudo, as autoridades de Inhambane parecem decididas a enfrentar o problema de frente.

“Este é um desafio que não pode ser ignorado. Vamos continuar a trabalhar para garantir que o transporte na nossa cidade seja seguro, legal e digno para todos”, concluiu Novais Abubacar.

Com as fiscalizações em curso e o compromisso de endurecer as medidas contra os operadores ilegais, a cidade de Inhambane pode estar a dar os primeiros passos para restaurar a ordem no transporte público e assegurar o bem-estar dos seus cidadãos.

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