Ataques em Niassa provoca quase 2 100 deslocados

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que quase 2100 pessoas fugiram de duas aldeias devido a recentes ataques de grupos armados numa área protegida no norte de Moçambique.
De acordo com o mais recente relatório de campo da ACNUR, citado por Notícias ao Minuto, com dados até aos primeiros dias de Maio, “os ataques e os crescentes receios de violência”, na província do Niassa causaram a fuga de pelo menos 2 085 pessoas dos distritos de Macalange e Mbamba.
Em causa estão ataques contra a Reserva Especial do Niassa de supostos terroristas, que causaram dois mortos e dois desaparecidos. Contudo, o Estado Islâmico reivindicou nos últimos dias, pelos seus canais de propaganda, três mortos num ataque naquela província.
O acampamento de caça desportiva de Mariri, área com 42 mil quilómetros de terra em oito distritos, incluindo Mbamba, que abrange também a província de Cabo Delgado, foi invadida por homens armados na tarde de 29 de Abril. Tratou-se do segundo caso de alegadas movimentações terroristas, tendo o primeiro sido registado em 24 de Abril.
Durante os ataques, “uns fugiram para o mato e outros iniciaram uma longa viagem a pé” para aldeias vizinhas, e o destino da maioria dos deslocados era a cidade de Mecula, segundo a ACNUR.
“No dia 09 de Maio, os líderes comunitários estimaram que o número de famílias presentes na cidade de Mecula é de 516. Cerca de 400 famílias estão actualmente alojadas na Escola Primária 16 de Junho, partilhando seis salas de aula, enquanto as restantes 116 famílias estão a ser acolhidas por anfitriões das comunidades”, refere o comunicado da ACNUR.
De acordo com aquela agência da ONU, 60% dos deslocados fugiram pelo medo de um “ataque iminente” dos grupos armados, não podendo recolher os seus pertences durante a fuga..
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos em Cabo Delgado, um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.