Hipopótamos Devastam Produção Agrícola no Distrito de Limpopo

A produção agrícola de mais de 300 agricultores no distrito de Limpopo, província de Gaza, está seriamente ameaçada devido à invasão de hipopótamos. Em apenas um mês, os animais já destruíram cerca de 250 hectares de culturas diversas, levando os produtores a exigirem medidas urgentes.
As comunidades mais afetadas são Chimangue e Makandene, localizadas nas margens do rio Limpopo. Segundo o líder comunitário João Chopo, os hipopótamos têm invadido as machambas durante a noite, provocando prejuízos significativos.
“Apesar de termos colocado bandeirolas para tentar afugentá-los, não surte efeito. Trata-se de uma manada inteira, não são dois ou três, são muitos hipopótamos que destroem tudo à noite”, explicou.
De acordo com os relatos locais, cerca de 300 hectares de terras pertencentes a aproximadamente 400 agricultores foram afetados. “Os prejuízos são enormes. Os hipopótamos não dão trégua. Estão a devastar tudo”, acrescentou Chopo.
Camponeses Desesperados
Laurinda Azarias, de 56 anos, é uma das agricultoras atingidas. Com deficiência física e sem outra fonte de rendimento, dependia da colheita de milho e feijão em 3,5 hectares de terra, onde esperava produzir entre 8 a 10 toneladas para o consumo da família.
“Sou deficiente, acordo cedo, esforço-me com a esperança de conseguir alguma coisa, mas não sobrou nada. Pedimos socorro”, clamou.
Mequidónia Mucache, de 45 anos, também viu a sua produção desaparecer. “Essa machamba é minha, tem dois hectares. Não conseguimos colher nada. Os hipopótamos invadiram tudo. Precisamos de ajuda, de verdade”, pediu.
Com medo de perder o que resta das suas colheitas, muitos agricultores passaram a pernoitar nas machambas, tentando proteger os campos durante a noite.
Mais Problemas para os Agricultores
Além da destruição causada pelos hipopótamos, os agricultores enfrentam outras dificuldades, como a falta de insumos agrícolas e a ausência de infraestrutura de drenagem. Os líderes comunitários denunciam que há mais de 50 anos que as valas de drenagem não são reabilitadas, o que contribui para a inundação de cerca de 100 hectares de terra.
“Recebemos queixas todos os dias, mas quando levamos às autoridades, ninguém nos dá atenção. A situação das valas é antiga e continua por resolver”, lamentaram os líderes de Chimangue e Makandene.
As autoridades distritais, por meio do Serviço Distrital de Actividades Económicas, confirmaram estar a par da situação e prometeram pronunciar-se esta quinta-feira.
Enquanto aguardam uma resposta oficial, os agricultores vivem num clima de tensão e desespero, temendo pela perda total da produção e pela insegurança alimentar nas suas comunidades.